domingo, 24 de junho de 2007

Movimento I @45° N. 180° W

Esse blogger, como podem perceber mudou de nome, algumas partes deste texto já não fazem sentido, apesar do conceito geral do site permanecer o mesmo.

“…quem julga que é fácil, experimente levitar sobre o Tejo…”
J.P. Simões do Quinteto Tati


Quando comecei a entender um pouco mais de Publicidade e Marketing, comecei a também dar valor ao “conceito” das coisas, - mas o que vem a ser conceito? – Conceito é a intenção da ideia que se expressará, pelo menos no meu entender, pois ele é tão importante para você, que sem ele, você passaria ao lado da real percepção de uma música, capa de um álbum, um livro, uma fotografia, um quadro, pois qualquer um pode ver beleza num jogo de cores, em algumas das palavras bem arranjadas, mas o dito conceito, nem todos estão aptos a perceber, por isso antes de criar esse BLOG, tive que delimitar os conceitos dele, achar algo que fosse importante para mim, que me fosse bom de expressar aqui, algo que minha sensibilidade tivesse vontade de gritar, ou mesmo de falar baixinho, ou seja, mostrar a visão da mistura do meu “BACKGROUND” cultural, somado as coisas que tenho sido ultimamente exposto.

Se todos conseguirem entender o porque desse nome, perceberão porque no subtítulo fala sobre “… e outras mentiras”. Não é que seja a minha intenção falar mau destes estudos ou mesmo ciências (?). Ora bem… Vamos as explicações, (risos!): “THE OPERA IS OVER”, ou seja “A Opera Acabou”, a frase provem de um fragmento de uma música à qual gosto muito, “Eighteen People Living In Harmony” do “DREDG”, em seu disco “EL CIELO”(2002), acho que como tenho o objectivo de falar da publicidade de uma maneira mais crítica, penso que com alguma intimidade com a “cena” em questão, quando uma opera acaba, os seus personagens desaparecem, restando apenas os actores/cantores, que nada mais são que homens e mulheres, a realidade, a vida quotidiana, comem pão, bebem café, tem uma pia entupida em casa, enfim, todos os artistas são gente como nós, tem problemas com a vizinha de cima, ou já ficaram bêbados, (menos o Papa, pelo que sabemos, se bem que não sei se ele é um artista, apesar de ser pop). Mas enfim, tudo isso foi para dizer, que nesses códigos de “HTML” aqui, tenho ficado bastante à vontade para falar de Comunicação, Marketing e já dita Publicidade, de uma maneira ainda pobre, verdade, mas também, bastante sincera.

Quanto ao endereço do BLOG, você pode ver o “WHYUCRYPENGUIN”, que em português seria, “Pinguim, por quê choras?”, sobre isso não falo muito, direi apenas que no vídeo de outra música que gosto, “OF THE ROOM” também do DREDG, há um pinguim perdido de sua dona (?), numa cidade grande, que acaba por ser a forma metafórica que me vejo, um sujeito assentado em uma realidade, que apesar de não muito diferente da que nasci, é diferente, não por ser culturalmente diferente, não por ser inóspita, mas sim por está enfrentando um mundo agora, sem companhia de amigos, com um apoio ilimitado de uma quantidade limitada de parentes, sem a segurança dos braços da mãe ou do pai. Desse lado do Atlântico, a vida por vezes é fria, mas pode se tornar ainda mais, para quem assim a quer. Foi desse jeito que me tornei esse pinguim, no meio do meu deserto. Mas não é de todo mal, existe aqui gente muito boa, que espero saudades em breve, se é que me entendem!

Não fiz este “BLOG” para meus amigos, nenhum deles estuda Comunicação Social (haja vista que são pouco mais que 5), nem tenho pretensão de ser um escritor assíduo disto aqui, nem tão pouco me transformar no Og Mandino, pois muitos destes escritos até são trabalhos da faculdade, que consoante a nota que me foi dada, os coloco aqui, algumas chegam aos 16 valores, mas maior parte margeia os 14, o que na escala de 0-20, não é mal. É uma forma de exercitar a minha escrita, é uma forma de espalhar minhas ideias vermelhas (risos!), e sobre tudo, de mostrar que a Comunicação Social poderia muito bem ser matéria (in BR) ou cadeira (in PT) obrigatória nos anos de estudo do secundário, tão importante quanto Português ou Matemática. Pois quem detêm a informação, tem o poder.

PS: Espero não escrever muito mal, tentarei ser simples e não ser chato, espero também, que vocês me dêem (e lá vem outra palavra em inglês) algum “FEEDBACK”, pois se estiver sendo meio chato, preciso então melhorar, quero obter a perfeição, quero ser totalmente chato. Lembrem-se também, que algumas destas “ideias” podem estar erradas, pois ainda sou apenas um estudante. Agora falta-me pouco para escrever as malditas 800 palavras a que um texto técnico deve ter. Logo mais escreverei sobre o conceito (científico) do conceito (questão). Acho que este assunto é um bom tema. Agora faltam apenas dez palavras, acabo por aqui e digo: Fiquem com a paz e bebam Coca-Cola.


sexta-feira, 22 de junho de 2007

Existe uma Língua no Pensamento?

"Não é preciso entender de óptica para ver bem..."
Bacon

Antes de ler o texto, responda a si mesmo a pergunta-título. Será que você, falante nativo do português, pensa em português? Será que o falante nativo do russo pensa em russo? Ou será que existe uma outra maneira para a ocorrência do pensamento e ele é "traduzido" por nós quando falamos?

Descartes diz que o que nos diferencia dos animais é a linguagem e a partir dela ele chegou a conclusão de que nós possuímos um espírito, uma contra parte interior que nos tira da categoria de autómatos. Em outras palavras, é através da linguagem que transmitimos nossos pensamentos, é essa contra parte interior que nos faz diferentes das máquinas que por comandos tem acções e reacções relativamente previsíveis ou "calculáveis". Chomsky, próximo da ideia de Descartes vai dizer que uma das principais funções da linguagem é a expressão do pensamento. Em nenhum momento, porém, os autores dizem que linguagem e pensamento são a mesma coisa. Se não me engano, Piaget e Vigotsky dizem algo sobre a natureza do pensamento e da linguagem e que ambos provém de "lugares" diferentes.

Bem, eis a proposta do texto: linguagem e pensamento não são a mesma coisa. Nós certamente não pensamos em nossa língua nativa. Pense na seguinte situação: Você acorda e percebe que está com fome/ Pensa em tomar café com leite e pães de queijo, mas lembra que você comeu todos eles na noite anterior/ Você teria de sair de casa para comprar mais/ Então, você decide não ir até o supermercado/ Escolhe comer outra coisa ou apenas tomar o café. Toda essa seqüência de decisões demoraria um bocado se fosse articulada sentença por sentença em sua língua nativa. Nós geralmente pensaríamos essas coisas sem articular frases em português.

Segundo Pinker, em seu ótimo livro O Instinto da Linguagem, acreditar que nós pensamos na nossa língua é um absurdo convencional. E dá um óptimo exemplo: "Todos tivemos a experiência de enunciar ou escrever uma frase, parar e perceber que não era exactamente o que queríamos dizer. Para que haja esse sentimento, é preciso haver um ‘o que queríamos dizer’ diferente do que dissemos". Quantas vezes não pensamos com frequência sobre um determinado assunto, mas na hora de falar sobre ele não conseguimos articular as palavras? Ou seja, não conseguimos traduzir do mentalês (definição de Pinker) para o português.

Existe a hipótese de que a linguagem e o pensamento estejam ligados e esta ideia está ligada a Sapir e a Whorf. Eles afirmam que é uma determinada língua que direcciona o nosso pensamento. Por exemplo, falantes da língua Wintu têm que colocar um ou outro sufixo em seus verbos para marcar 1) se o conhecimento que estão transmitindo foi aprendido por observação direta ou 2) se foi aprendido por "ouvir dizer". Mas isso não significa muito, pois será que os falantes do inglês, português ou espanhol não sabem se aprenderam algo por observação directa ou por terceiros? Claro que sabem. A língua, sendo Wintu ou não, não altera o nosso modo de pensar/ver a realidade.

Pinker trás alguns exemplos de pensamento sem linguagem: bebés, seria um deles, não podem pensar com palavras. Macacos muito menos, pois não tem capacidade para aprendê-las. Portanto, a língua do pensamento seria essa espécie de mentalês - que nos faz diferentes dos animais e das máquinas, que nos faz não-autómatos. E se é verdade que não existe tradução perfeita, faz sentido que existam alguns de nossos pensamentos que são melhores quando guardados connosco, quando não afirmados ou expressados. Mas aí, a discussão sai do campo da linguística e da proposta deste texto.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

A Semiótica e a Maldita Comunicação

"...Maldito seja o sol, ó Diana..."

SEMIÓTICA

Enquanto teoria, a semiótica realça a comunicação como geradora de significação. Com ela, constitui-se um novo conjunto de conceitos: signo, significação, ícone, índice, denotação, conotação, paradigma, sintagma. No centro está o signo. Ao estudo do signo chama-se semiótica, que compreende: 1) signo, 2) códigos ou sistemas, 3) cultura – presta atenção ao texto; considera o receptor ou leitor como possuidor de um papel activo. O signo é algo físico, perceptível aos nossos sentidos.

Porque considero importante a inclusão desta ciência nas indústrias culturais, incluo aqui elementos principais de textos pertencentes a Ferdinand de Saussurre, Adriano Duarte Rodrigues (1991), Roland Barthes (1981) e Charles Sanders Peirce (1978). Uma aplicação prática é o estudo das primeiras páginas dos jornais e dos seus títulos principais [a propósito ver o livro de Dinis Manuel Alves (2003). Foi você que pediu um bom título? Coimbra: Quarteto].

Ferdinand de Saussure (1857-1913)

Interessou-se pela linguagem e pela relação entre um signo (a palavra) e os outros signos. Para Saussure, o signo é uma realidade psíquica com duas faces, um objecto físico com um significante e um significado. O signo consiste, assim, num significante (imagem do signo; marca no papel ou elemento acústico) e num significado (conceito mental a que ele se refere).

Saussure definiu dois modos dos signos se organizarem em códigos. O primeiro é o paradigma, conjunto de signos donde se escolhe aquele que vai ser utilizado. O segundo é o sintagma, mensagem na qual os signos escolhidos se combinam. Exemplo: a ementa num restaurante. A estrutura da ementa tem uma entrada, um prato de carne ou peixe e uma sobremesa (o paradigma ou sistema). Dentro de cada um destes três elementos existe uma variedade de opções. Assim, cada cliente combina-as numa refeição; o pedido feito ao empregado é um sintagma.

Adriano Duarte Rodrigues

O autor tem uma atitude pedagógica quando distingue sinais e signos. Para ele, o sinal é o impulso que desencadeia um processo de transmissão com uma resposta adequada (casos dos termostatos no aquecimento central ou no frigorífico). Daí a informação enquanto medida estatística da probabilidade de ocorrência de um dado acontecimento. O estudo do sinal pertence ao limiar inferior da semiótica [estamos ainda no domínio da teoria matemática da informação]; por isso, estuda o código, o ruído e a redundância. Há ainda um limiar superior da semiótica, a concepção do mundo [Weltanschauungen], o domínio do mítico e do ideológico.

O professor situa o campo semiótico no meio desses dois limiares e define semiótica “como objecto de estudo as componentes expressivas ou significantes das manifestações culturais”. Mas, ainda segundo Rodrigues, toda a acção humana é significante, expressiva, pelo que a semiótica se serve do estudo de disciplinas como a sociologia, a economia ou a história. A semiótica é, assim, também o “estudo do arranjo, da organização específica que as manifestações do sentido apresentam”; ela é do domínio dos signos, entidades que se referem e/ou designam as coisas sob o modo de representação ou da cópia. Os signos possuem uma significação (ordem do conceito que permite compreender uma série de entidades particulares).

Adriano Duarte Rodrigues, como o faria Roland Barthes, parte de Ferdinand de Saussure, o pai da linguística, o qual se propôs distinguir entre parole (acto individual da fala) e langue (aspecto colectivo). A langue é de natureza institucional, arbitrária (fundada numa convenção) e linear (desenrolada no tempo). A língua constitui-se em dois tipos de relações: paradigmáticas e sintagmáticas. Além disso, uma aparente contradição mutável/imutável do signo linguístico resolve-se na oposição do aspecto sincrónico do sistema e a sua evolução diacrónica. Alguns destes temas seriam mais desenvolvidos no texto de Barthes.

Roland Barthes (1915-1980)

Este autor compara signo, sinal, índice, ícone, símbolo e alegoria, referindo a simultânea aproximação e distinção. Ora, o signo remete para a relação de dois termos ou elementos [relata] que implicam ou não a representação psíquica de um deles, a analogia, a imediatez do estímulo e resposta, a coincidência e a ligação. Deslocando-se para a figura do “pai fundador”, Saussure, este definiu signo como a união de um significante e de um significado, de uma imagem acústica e de um conceito.

A teoria do signo linguístico enriqueceu-se com o princípio da dupla articulação: 1ª articulação – unidades significativas, dotadas de sentido (palavras ou monemas), 2ª articulação – unidades distintivas, que participam na forma mas não têm um sentido (sons ou fonemas). A dupla articulação dá conta da economia da linguagem humana. O plano dos significantes constitui o plano de expressão e o dos significados o plano de conteúdos, ou a forma e a substância (obtido de empréstimo em Louis Hjelmslev).

Sobre o significado, Saussure marcou a sua natureza psíquica, chamando-lhe conceito: o significado da palavra boi não é o animal boi, mas a sua imagem psíquica. O significante é um termo puro, pois não se pode separar da definição de significado. A substância do significante é sempre material (sons, objectos, imagens). Há signos verbais, gráficos, icónicos e gestuais. O signo é talhado (biface) de sonoridade ou visualidade. A significação é um processo ou acto que une o significante ao significado e cujo produto é o signo. Na língua, o significado está atrás do significante e só pode ser atingido através deste: Se (significante)/So(significado).

Há um valor no signo, com dois termos: se se modificar um dos seus termos, modifica-se o sistema. Esses termos ou planos de valor no signo são: 1) sintagma, 2) associação (paradigma) [sistema, na linguagem de Barthes]. Cada termo fixa o seu valor da oposição com os que estão antes e depois. Na cadeia de palavras, os termos reúnem-se presencialmente. É o plano dos sintagmas. No plano das associações, as associações têm entre si coisas em comum, formam grupos em que existem relações diversas. Para Saussure, o sistema é uma série de campos associativos, ou determinados por afinidades de sons ou de sentido. A organização interna de um campo associativo ou paradigma chama-se oposição, relação ou correlação.

A linguagem humana, por ser duplamente articulada, comporta duas espécies de oposições – distintivas (entre fonemas) e significativas (entre monemas). Qualquer sistema de significação comporta um plano de expressão (E) e um plano de conteúdo (C). Há um plano de denotação e um plano de conotação. Um sistema conotado é um sistema cujo plano de expressão é ele próprio constituído por um sistema de significação. A sociedade desenvolve-se a partir do sistema da linguagem humana, sistemas segundos de sentido.

Curiosa a comparação de Saussure: cada unidade linguística é semelhante à coluna de um edifício antigo; essa coluna mantém uma relação real de contiguidade com outras partes do edifício (relação sintagmática). Se a coluna for dórica somos levados a compará-la com outras ordens arquitecturais, o jónico ou o coríntio (relação associativa, paradigmática ou sistemática). O plano associativo aproxima-se da língua como sistema; o sintagma aproxima-se da fala.

Em Elementos de semiologia (1981), editado inicialmente em 1964, Barthes definiu a semiologia como tendo “por objecto qualquer sistema de signos, sejam quais forem a sua substância ou os seus limites: as imagens, os gestos, os sons melódicos, os objectos e os complexos dessas substâncias que encontramos nos ritos, nos protocolos ou nos espectáculos constituem, senão «linguagens», pelo menos sistemas de significação”. Barthes ordenou os elementos fundamentais da semiologia em quatro rubricas: 1) língua e fala; 2) significante e significado; sistema (ou paradigma) e sintagma; 4) denotação e conotação.

Para o estudo do discurso dos media, dois desses binómios foram essenciais: significante/significado e denotação/conotação. A denotação é a significação óbvia, de senso comum, do signo. A conotação é quando o signo se encontra com os sentimentos e emoções dos utilizadores e com os valores da sua cultura. Numa fotografia, a denotação é aquilo que é fotografado; a conotação é a forma como algo é fotografado. A conotação é arbitrária e específica de uma cultura. Em O óbvio e o obtuso (1984:14-15), Barthes escreveu: “Qual o conteúdo da mensagem fotográfica? O que é que a fotografia transmite? Por definição, a própria cena, o real literal. (…) Existem outras mensagens sem código? À primeira vista, sim: são precisamente todas as reproduções analógicas da realidade: desenhos, pinturas, cinema, teatro. Mas, efectivamente, cada uma destas mensagens desenvolve de uma maneira imediata e evidente, além do próprio conteúdo analógico (cena, objecto, paisagem), uma mensagem complementar, que é aquilo a que se chama vulgarmente o estilo da reprodução; trata-se, então, de um sentido segundo, cujo significante é um certo «tratamento» da imagem sob a acção do criador, e cujo significado, quer estético, quer ideológico, remete para uma certa «cultura» da sociedade que recebe a mensagem. Em suma, todas estas «artes» imitativas comportam duas mensagens: uma mensagem denotada, que é o próprio analogon, e uma mensagem conotada, que é o modo como a sociedade dá a ler, em certa medida, o que pensa dela”.

[leituras: Roland Barthes (1981). Elementos de semiologia. Lisboa: Edições 70 (originais de 1964); Roland Barthes (1984). O óbvio e o obtuso. Lisboa: Edições 70 (original de 1982)].

Charles Sanders Peirce (Écrits sur le signe, 1978: 147-165) (não vim em português ainda, mas tem e há em inglês por ai )

Para o filósofo e lógico Peirce (1839-1914), um signo ou representante é o primeiro elemento de uma relação triádica que estabelece ligação a um segundo elemento chamado objecto e que pode determinar um terceiro elemento chamado interpretante, que também se relaciona com o objecto. O signo ou representante é aquilo que substitui qualquer coisa por alguém, isto é, significa na ausência. O interpretante é o conceito mental do utente do signo, seja orador ou ouvinte. Descodificar é uma actividade tão importante como codificar. Peirce produziu três tipos de signo (1978: 148-165).

Os signos dividem-se em ícones, índices e símbolos. Um ícone é um substituto de uma coisa a que se assemelha. Uma mensagem material como um quadro é um elemento convencional no seu modo de representação. As fotografias são elementos icónicos. A fotografia no BI (in Pt) ou Carteira de Identidade (in Br) é um elemento icónico que me representa. Um índice é um elemento de autenticidade. Um relógio indica-nos as horas. Um barómetro com baixa pressão e o ar húmido são índices de chuva próxima. Diz-se que não há fumo (índice) sem fogo (realidade). Um índice é uma representação que reenvia para o seu objecto não pela semelhança ou analogia, mas porque há uma ligação dinâmica. O símbolo é uma réplica ou materialização de uma palavra pronunciada. A bandeira nacional ou um sinal do código de estrada são símbolos. Um símbolo é um signo próprio para declarar que o conjunto de objectos denotados por um conjunto de índices que se lhe associam. Um símbolo não indica uma coisa em particular, denota um género de coisa.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

O2O na Política

"One Two One, argh!..."

Viver sem marketing? Impossível! O marketing faz parte da nossa vida e é quase legítimo dizer que todos os passos que damos são, de algum modo, influenciados por técnicas de marketing. As pessoas começaram a ganhar consciência de que é mais fácil passar mensagens estruturadas e específicas para quem se quer dirigir.

«O melhor exemplo de marketing O2O são os namorados porque dizem aquilo que o outro quer ouvir e quando não dizem há pequenas discussões. As pessoas vivem uma para a outra e cada uma "vende" aquilo que tem para vender e a melhor maneira de vender é sabendo, porque já estudou, aquilo que o outro compra».
(Eduardo Madeira Correia)

No marketing político, temos primeiro de perceber que a grande diferença que existe é a de que se está a pensar com um candidato e não num produto, mas basicamente as técnicas são as mesmas.

"Quando nós vendemos um detergente dizemos que ele tira melhor as nódoas, faz mais branco e que dá menos trabalho na lavagem. No caso do político dizemos que ele tira melhor as nódoas porque é incorruptível, faz mais branco porque sabe o que quer e dá menos trabalho às pessoas porque podem confiar nele. No fundo, as mensagens e as técnicas são rigorosamente as mesmas com destinatários diferentes", explica Eduardo Madeira Correia.

Deste modo, também é possível identificar técnicas de marketing O2O na política. O marketing O2O dos políticos é feito quando eles fazem as visitas e falam com as pessoas uma a uma e tentam resolver os problemas um a um. Os políticos cada vez mais dirigem-se aos consumidores com mensagens estruturadas, procurando despertar no consumidor um reconhecimento.

A ideia é ficar a pensar que o político Z conhece o meu problema, enquanto consumidor. A sua campanha é uma resposta a esse problema. Neste caso, possivelmente, o político tem o meu voto porque ele foi capaz de identificar o meu problema e encontrar solução - dirigiu-se a mim.

Esta forma de pensar nas campanhas é marketing O2O. Outro exemplo dado por Madeira Correia refere-se aos comícios ingleses. Nestes, "as pessoas fazem perguntas e a resposta dos políticos é para aquela pergunta e para aquela pessoa - isto é marketing O2O. Responder e dar satisfação à necessidade manifestada por uma pessoa. Os ingleses são especialistas no marketing político O2O porque, como têm os deputados por círculos uninominais, eles vão visitar as pessoas a casa e fazem isso desde tempos imemoriais. Ainda não se falava em marketing O2O, mas já se praticava. Iam a casa das pessoas e perguntavam quais eram os problemas e comprometiam-se a resolvê-los. Tal como fazem os padres nas províncias. A tradição é, na Páscoa, o padre ir visitar os seus paroquianos. Os paroquianos visitam o padre durante o ano todo e, na Páscoa, o padre vai a casa de cada um e deve mostrar que conhece a vida dos paroquianos para conseguir "vender" a sua fé e a religião. Este é um exemplo de marketing O2O".